Sarcopenia: “epidemia” negligenciada
Sarcopenia é a redução da massa e da força muscular, levando a prejuízo funcional musculoesquelético. Quem pensa que se trata de assunto de jovens vaidosos e "malhados", errou muito. Como nunca antes, músculo adquirido de forma saudável é atualmente visto como um termômetro de saúde, e é na vida madura e na velhice que mais precisamos dele.
Diferente da redução da massa óssea, a conhecida osteoporose, a sarcopenia não recebe a mesma atenção da medicina clássica e é, quase sempre, desconhecida da população geral. E isso é espantoso, especialmente por sua alta frequência.
Estima-se que aproximadamente 25% das pessoas acima dos 60 anos tenham sarcopenia, aumentando para 60% para aqueles acima dos 80 anos de idade.
A perda de massa muscular acontece invariavelmente com o envelhecimento, iniciando-se a partir dos 40 anos de idade, e de forma acelerada após os 65 anos. No entanto, diversos fatores impactam diretamente a saúde dos músculos, podendo acentuar a sarcopenia. O conhecimento do assunto é muito importante para executar o plano pessoal de prevenção.
- Genética: a massa muscular do adulto, em parte, é geneticamente determinada. No entanto, hábitos de vida e cuidados de saúde podem mudar o panorama.
- Atividade física: a inatividade física é fator decisivo na perda de massa muscular associada ao envelhecimento. É fundamental praticar exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular ao longo de toda a vida.
- Alimentação: o músculo é constituído basicamente de proteína. Infelizmente, é comum ingesta protéica abaixo das necessidades. Em geral, é necessário entre 0,8 a 1,2 g/kg/dia de proteínas. Para exemplificar, 100 g (um bife médio) de carne vermelha tem em torno de 25 g de proteína. Para situações específicas, como necessidade de ganho de massa muscular, pode ser necessário uso de suplementação protéica. Além disso, a alimentação com carboidrato também é importante para impedir que a proteína do músculo seja utilizada para gerar energia.
- Redução dos níveis hormonais: o déficit hormonal do envelhecimento masculino (DAEM), também conhecida como "andropausa", impacta negativamente a síntese proteica dos músculos. A DAEM é comumente negligenciada, traz inúmeros prejuízos à saúde, e a terapia de testosterona, quando bem indicada, pode restabelecer vários aspectos da vida do homem. A redução hormonal de estrógeno, que acompanha a menopausa, também traz um impacto enorme na perda muscular da mulher.
- Surgimento de doenças: diversas doenças agravam a saúde muscular, como Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), insuficiência cardíaca, cirrose hepática, câncer, diabetes, artrites inflamatórias, doença inflamatória intestinal, AIDS, depressão, imobilidade ao leito.
- Vitamina D: a fonte de vitamina D é, quase que na sua totalidade, oriunda da exposição solar. Sua deficiência resulta em perda de massa muscular e tendência a quedas nos idosos
- Hábitos de vida e medicamentos: etilismo, tabagismo e uso de corticóide impactam, diretamente ou indiretamente, na saúde dos músculos.
- Sono: durante o sono os músculos são reparados e renovados. Noites mal dormidas são inimigas do tecido muscular.
A sarcopenia é um bom indicador de prejuízo de saúde e de qualidade de vida. Além disso, é preditora independente de menor longevidade e de aumento de mortalidade. A perda de massa muscular pode trazer como principais consequências:
- Aumento de doenças articulares. Fraqueza muscular dos membros inferiores é um reconhecido fator de progressao da osteoartrite (artrose). Isso porque a articulação fica sobrecarregada com a carga corporal que não é repartida com os músculos. É clássica a situação do idoso com artrose dos joelhos e fraqueza muscular que trazem uma enorme dificuldade em se levantar de cadeiras.
- Aumento de quedas no idoso, predispondo a fraturas e risco aumentado de morte.
- Dependência funcional de cuidadores e agravo de doenças crônicas cardiovasculares, aumento da obesidade e maior tendência ao diabetes.
Prevenção é a melhor solução
Dr Leandro Tavares Finotti
‼️