Imunobiológicos: a revolução da reumatologia
O campo das enfermidades reumáticas inflamatórias imunológicas tem testemunhado um enorme progresso nas últimas décadas. Embora importantes marcos possam ser apontados ao longo da prática reumatológica, sem duvida alguma há uma conquista tão importante que é capaz de dividir a existência de duas eras dessa especialidade: o desenvolvimento dos fármacos imunobiológicos.
Embalada por necessidades clínicas de pacientes com doenças de difícil controle, projetadas por um conhecimento mais profundo na imunologia clínica envolvida em tais enfermidades e tornadas factíveis por um grande avanço na biotecnologia, a terapia com fármacos imunobiológicos tornou-se disponível para a reumatologia brasileira no final da década de 90.
Mas afinal, o que são medicamentos imunobiológicos?
- Produzidos por células vivas.
- Estrutura molecular complexa.
- Constituído de proteínas animais.
Como agem?
Os imunobiológicos são estruturalmente anticorpos ou receptores, direcionados a um alvo específico. São verdadeiros “bisturis farmacológicos”, capazes de interações pontuais no sistema imune. Seus mecanismos de ação principais são:
- Bloqueio de substâncias inflamatórias e solúveis no sangue, chamadas de citocinas.
- Ação direcionada contra tipos específicos de células do sistema imune, causando morte celular, redução da ativação e diferenciação ou limitação da migração até tecidos.
- Interação com etapas da resposta imunológica, podendo reduzí-las ou estimulá-las.
Como são aplicados?
São de aplicação subcutânea ou endovenosa, com frequência variável, de semanal até semestral. Podem ser autoadministrados, com ou sem auxílio de profissional da saúde, ou também pode ser necessária a administração em Centros Especializados de Infusão.
Por que revolucionaram o tratamento das enfermidades reumatológicas?
Mudaram estratégias de tratamento de várias enfermidades.
- Primeiramente, tornaram factível a remissão clínica de enfermidades crônicas incuráveis e incapacitantes.
- Demonstraram ser altamente eficazes em reduzir evolução de dano osteoarticular, tendo impacto enorme em proteger contra deformidades e preservar função física.
- Melhoraram a expectativa de vida de pacientes cuja doença reduzia-lhes anos de vida.
- Possibilitaram menor uso de corticóide, protegendo os pacientes de seus efeitos adversos.
- Reduziram a ocorrência de alguns efeitos adversos que medicações tradicionais apresentam por agirem de forma não específica, afetando a fisiologia de diferentes órgãos e sistemas.
- O perfil de segurança é bastante satisfatório e compatível com o uso clínico de rotina.
Quais são as doenças tratadas com os diferentes imunobiológicos?
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Quais os benefícios esperados para cada enfermidade?
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Qual o perfil de segurança?
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Como ter acesso aos medicamentos imunobiológicos?
Os fármacos imunobiológicos não são comercializados, de rotina, nas farmácias. São medicamentos de muito alto custo. O acesso à maior parte deles é prevista em Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde, sendo portanto disponíveis através da atenção farmacêutica especializada do Sistema Único de Saúde (SUS) ou, também, são de custeio obrigatório pelos Planos de Saúde, sempre que observados critérios médicos.
Recomendações importantes para quem faz uso de medicamentos imunobiológicos:
- O calendário vacinal deve ser atualizado antes do início do tratamento com os imunobiológicos. Não se deve tomar vacinas sem o conhecimento do seu médico reumatologista quando já em uso da medicação, já que, as com vírus vivo atenuado são contraindicadas.
- Ao menor sinal de infecção ou febre, seu médico deve ser consultado com urgência.
- Seu médico deve ser avisado em relação a eventuais cirurgias, já que, em geral, os imunobiológicos devem ser interrompidos com antecedência variável (alguns até 30 dias).
- Gravidez deve ser planejada, já que por falta de dados de segurança nessa população, normalmente os imunobiológicos são suspensos neste período. Exacerbações da doença reumática podem ocorrer, especialmente quando a gravidez acontece em período em que a enfermidade não estava em remissão.
Dr Leandro Tavares Finotti