Espondiloartrose (artrose da coluna)
O que é espondiloartrose?
A artrose é uma enfermidade bastante freqüente, especialmente com o envelhecimento, podendo acometer articulações periféricas, como joelhos, quadris, e mãos, mas também as articulações da coluna vertebral.
Espondiloartrose ou espondilodiscoartrose é o termo utilizado para se referir à artrose da coluna vertebral. A região lombar e cervical são as áreas comumente afetadas pela espondiloartrose, que leva a danos em dois tipos de articulações da coluna:
- Articulações intervertebrais: área anterior, constituída pelos corpos vertebrais e o disco intervertebral.
- Articulações facetárias: área posterior, constituída pela aposição dos processos articulares da vértebra superior com as da inferior. São articulações do tipo sinoviais, mais parecidas com as articulações periféricas móveis.
Quem afeta:
De acordo com um estudo realizado pelo National Institutes of Health (NIH), aproximadamente 60% das pessoas com mais de 40 anos têm alguma grau de artrose na coluna lombar, embora nem sempre cause dor.
Os principais fatores de risco são:
- Estresse nas articulações e lesão crônica: atividades laborais com carga, esportes.
- Gênero: depois dos 45 anos, as mulheres são mais propensas que os homens.
- Deformidades: desalinhamentos de eixo, especialmente escolioses.
- Histórico familiar: predisposição genética é sabidamente fator de risco para a artrose, embora menos estabelecida para a coluna.
Que alterações provoca na coluna:
A chamada coluna degenerativa se refere a dois processos diferentes:
Discopatia degenerativa:
O disco intervertebral é constituído por uma porção externa de nome ânulo fibroso e um centro gelatinoso de nome núcleo pulposo. A degeneração do disco intervertebral é processo que ocorre progressivamente na artrose de coluna, modificando os tecidos das seguintes formas:
- “Espondilose deformante” é o nome da degeneração que ocorre na área do ânulo fibroso, sendo inevitável com o envelhecimento, produzindo leve redução da altura do disco e reações ósseas proeminentes nos corpo vertebrais, chamadas de osteófitos (popular “bico de papagaio”).
- “Osteocondrose intervertebral” afeta o núcleo pulposo, podendo provocar grande dimuição de altura do disco, lesões das cartilagens que revestem os platôs de cada vértebra, e também as reações ósseas já citadas como osteófitos. É sempre sinal de doença. Pode ocorrer precocemente em indivíduos mais jovens e facilitar a progressão da artrose da coluna.
Osteoartrite facetária:
Degeneração da cartilagem hialina das articulações facetárias e formação de esporões ósseos proeminentes.
Quais os sintomas:
- Dor: em região lombar ou cervical, de evolução gradual e crônica, experimentada normalmente de baixa intensidade, que vem e vai, embora surtos intermitentes de dor mais intensa sejam comuns. É frequentemente percebida após inatividade prolongada, como ao sair da cama pela manhã. Pode piorar com flexão da coluna, rotação ou levantamento de peso. Repouso deitado pode aliviar transitoriamente. Pode haver dor referida, como dores de cabeça, pescoço, ombros e costas causadas por artrose cervical, e região posterior de coxas provocadas por artrose lombar.
- Rigidez: coluna rígida e menos flexível, particularmente depois de dormir ou ficar sentado por um longo período de tempo. Algumas pessoas notam que é difícil manter uma boa postura.
- Crepitações: rangido ou som de estalo ao mobilizar a coluna são sinais de que a cartilagem pode ter se desgastado e não está protegendo as articulações da fricção.
- Desalinhamentos posturais: a espondiloartrose leva a uma cascata de mudanças físicas que fazem com que as curvas da coluna se tornem mais pronunciadas, fazendo com que uma pessoa pareça encurvada ou retraída.
Complicações:
- Radiculopatias: esporões ósseos e discos degenerados podem provocar compressão de nervos, originando dor que se irradia à distância pelo membro, com características de choque, queimação, formigamento ou ardência. Quando na coluna lombar é chamada de dor ciática, e para a cervical, denomina-se cervicobraquialgia.
- Estenose de canal: esporões ósseos, aliados com discos herniados e espessamento de ligamentos vertebrais (ligamento amarelo) podem reduzir o diâmeto do canal vertebral por onde passam raízes nervosas e a medula. Os sintomas são dor, que piora com extensão da coluna, formigamento e fraqueza nos membros.
- Mielopatia: caso mais grave, quando os elementos degenerativos da coluna comprimem a medula. É mais comum na coluna cervical. Nessa região, pode provocar dor e fraqueza significativa nos braços e pernas.
Diagnóstico:
É feito pela somação dos sintomas clínicos, faixa etária do paciente e exames de imagem. Os desafios são a alta frequência de alterações radiológicas de artrose de coluna em indivíduos assintomáticos e a devida correlação de sintomas existentes com as diferentes lesões estruturais. Pode-se recorrer a testes minimamente invasivos, com injeções de anestésicos e anti-inflamatórios nas articulações facetárias, buscando-se alívio de dor e diagnóstico da estrutura originária do sintoma.
Tratamento:
A osteoartrite da coluna é uma doença degenerativa. Não pode ser revertida, mas o tratamento pode retardar sua progressão, ajudar a controlar a dor e restaurar algumas ou todas as funções normais. Existe uma ampla gama de opções de tratamentos. Os pacientes podem responder a uma ou a uma combinação de tratamentos por um tempo e, em seguida, descobrir que precisam tentar outra estratégia.
- Tratamento medicamentoso: medicamentos orais como analgésicos, anti-inflamatórios, antidepressivos e anticonvulsivantes, além de adesivos colados à pele, com irritantes, antiinflamatórios e anestésicos locais.
- Autocuidado, exercício e reabilitação.
- Tratamentos alternativos: manipulação, massagem, TENS e acupuntura.
Dr Leandro Tavares Finotti