• Intestino e reumatismo

O intestino e o reumatismo

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Os intestinos, grosso (cólon) e delgado (duodeno, jejuno e íleo), são o segundo órgão mais extenso do corpo humano, atrás apenas da pele. São de fundamental importância como primeira linha de contato do sistema imune com os agentes do ambiente, estranhos ao corpo. De fato, os intestinos apresentam rica e complexa organização imunológica própria. Além disso, abriga grande parte do microbioma do nosso organismo, que são bactérias e outros micro-organismos que vivem em harmonia com nosssas células, e executam funções vitais, como regulação metabólica, de absorção de nutrientes, endócrina, imune, neuropsíquica, entre outras.

As enfermidades reumáticas podem ter correlações de níveis diferentes com os intestinos. Em primeiro lugar, a interação entre a microbiota intestinal e o sistema imune pode ser a origem do surgimento de diferentes enfermidades autoimunes, restritas ao intestino ou mesmo acometendo vários outros órgãos do organismo. Em segundo lugar, o intestino pode ser sede de lesões ou sintomas provocados por enfermidades reumáticas.

A microbiota intestinal exerce um papel fundamental no desenvolvimento do sistema imune, sendo fundamental na expansão do tecido linfóide e no processo de tolerância imunológica (reconhecimento sem gerar resposta contra) para proteínas do organismo, proteínas alimentares e para os próprios microorganismos que a compõem. É notório o aumento de doenças alérgicas, intolerâncias alimentares e doenças autoimunes entre população que vive em ambiente mais livre de micróbios. 

Evidências crescentes demonstram que alterações permanentes da composição ou função da microbiota intestinal (disbiose) podem promover um estado próinflamatório. Tais alterações podem ocorrer por higiene em excesso, alimentação pobre em fibras e rica em glúten e açúcares simples, infecções intestinais, uso frequente de antibióticos, estresse emocional, entre outros.

Para os pacientes que desenvolvem enfermidades reumáticas autoimunes, um sistema imune geneticamente predisposto reage de forma anormal contra micro-organismos, fato bastante estudado para aqueles da microbiota intestinal. 

Fato curioso é que para o desenvolvimento de  algumas enfermidades reumáticas inflamatórias, como a Doença de Behçet, é necessária uma resposta imunológica inicial (resposta inata) exacerbada contra os germes intestinais, gerando substâncias inflamatórias que provocam danos contra diferentes tecidos. Para outras, como a Doença de Crohn, essa resposta é ruim, falhando em eliminar bactérias da mucosa e mantendo estímulo persistente de inflamação.

A Espondilite Anquilosante é mais uma enfermidade reumática em que a interação do sistema imune com a microbiota intestinal parece de grande importância na origem da doença. 

Por outro lado, algumas doenças reumáticas provocam lesões aos intestinos. A Esclerose Sistêmica Progressiva (Esclerodermia) é um exemplo clássico, em que há uma fibrose progressiva (endurecimento) e alteração de motilidade, levando à constipação crônica, distúrbios de absorção, desnutrição, obstrução intestinal e aumento do risco de infecções. O Lúpus Eritematoso Sistêmico e as Vasculites Sistêmicas, especialmente a Poliarterite Nodosa, podem levar à inflamação dos vasos sanguíneos que irrigam os intestinos (vasculites), provocando dor abdominal, diarréia, sangramento nas fezes e mesmo necrose de alças que intestinais.

A Fibromialgia é enfermidade reumática não inflamatória e não autoimune, mas que também pode ter sintomas intestinais. A doença é de origem neuroquímica cerebral, em que há uma maior sensibilidade dolorosa em áreas próximas às articulações e também visceral, envolvendo os intestinos. O quadro doloroso abdominal é conhecido com Síndrome do Cólon Irritável.   

 

 

Dr Leandro Tavares Finotti

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